quinta-feira, novembro 30, 2023
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Internautas substituem protetor solar por maionese: entenda a polêmica e saiba os riscos

Independentemente da época do ano, uma regra de skincare não muda: o uso do protetor solar. Mas um grupo vem crescendo no TikTok e preocupando especialistas da área da saúde com suas campanhas anti-protetor solar e, pior, influenciando o uso de substitutos caseiros sem comprovação científica.

 

Hashtags como “anti-sunscreen” (ou “anti-protetor solar”) e “no sunscreen” (ou “sem protetor solar”) reúnem mais de 10 milhões de visualizações na rede social por perfis que se autoproclamam influenciadores de bem-estar. A justificativa destes internautas para não usar o produto seriam os ingredientes tóxicos presentes composição, a ideia equivocada de que eles impedem a produção de melanina e até provocam câncer.

Para desmistificar essas informações, elucidar dúvidas e esclarecer a polêmica, o gshow conversou com a farmacêutica bioquímica e especialista em cosmetologia Joyce Rodrigues: “A educação solar tem que existir e deve fazer parte, sim, da rotina”, destaca.

Cuidado com as fake news!

Joyce coloca que os protetores e filtros solares são as melhores maneiras de proteger a pele das altas temperaturas, do risco de câncer, manchas, rugas precoces.

 

Além de desincentivar o uso de protetor solar, esse grupo defende métodos caseiros de proteção e sem comprovação da comunidade médica e científica. Eles pregam, por exemplo, que o óleo de coco e maionese podem ser substitutos nesse caso ou que apenas ficar na sombra e tomar um banho de mar são técnicas suficientes para não ser atingido pelos raios ultravioletas.

Como já falamos por aqui, é comprovado que mesmo o famoso mormaço tem capacidade de causar queimaduras graves no corpo. Além disso, a água salgada e o cloro ressecam e desidratam a pele, podendo piorar os quadros de queimadura solar.

 

No caso da maionese, a cosmetóloga lista diversos fatores pelos quais essa receita jamais deve ser aplicada no corpo.

“Os ingredientes da maionese são óleo vegetal, ovo, amido, vinagre, açúcar, sal, suco de limão, acidulante, enfim… É uma formulação que sequer pode ser cogitada para aplicar topicamente. Não há nenhuma característica fisiológica que vá oferecer algum tipo de benefício.”

Ela defende que, em casos com grandes riscos potenciais como este, é preciso que as pessoas tenham discernimento para aderir apenas a orientações com, pelo menos, um estudo clínico, para que não haja “nenhum processo de dermatite, de reação alérgica, principalmente porque [a receita] tem várias questões, como o vinagre e o suco de limão, porque tem a exposição ao sol e o ácido cítrico na composição pode gerar até uma queimadura na pele”.

 

Especialista explica que maionese contém ingredientes prejudiciais à saúde da pele e que não possuem proteção contra raios ultravioletas — Foto: Pexels

Especialista explica que maionese contém ingredientes prejudiciais à saúde da pele e que não possuem proteção contra raios ultravioletas — Foto: Pexels

Como o protetor solar age no corpo?

Um dos argumentos da comunidade anti-protetor solar é que o produto penetra na pele. De fato, a farmacêutica afirma que isso acontece: os componentes chegam até a corrente sanguínea e ao leite materno, além de contaminar a água e todo o ecossistema, mas há estudos constantes por moléculas com menor nível de permeação nesse sentido.

 

É aí que entra a importância de escolher os filtros corretamente! Hoje em dia, existem formulações nanotecnológicas, sustentáveis, veganas, biodegradáveis ou reef safe (ou seja, não afetam os corais) que protegem a pele e não impactam na vida marinha.

 

A especialista explica, ainda que existem filtros com dois comportamentos distintos.

 

  • Protetores físicos: funcionam como uma barreira que impedem a absorção de radiação e são menos agressivos para o organismo.
  • Protetores químicos: absorvem a radiação e fazem com que a nossa pele receba menos fração agressiva do sol.

E mais: quando se trata de protetor solar facial, o cuidado na escolha deve ser redobrado. Joyce destaca que a variedade de produtos nunca foi tão grande e estão cada vez mais especializados para atender cada necessidade, como para pele seca, oleosa, mista acneica, sensíveis. Por isso, entender o próprio tipo de pele é essencial para evitar alergias ou questões tópicas mais graves.

“Caso contrário, você usa um protetor solar que pode dar acne, dermatite ou deixar a pele mais sensível. E peles negras também precisam usar proteção solar! Mesmo que a gente tenha uma quantidade maior de melanina para a autoproteção natural, é necessário.”

 

Quais seriam estas substâncias prejudiciais ao organismo?

 

Apesar de alguns protetores apresentarem componentes tóxicos, há opções sustentáveis, veganas ou biodegradáveis — Foto: Freepik

Apesar de alguns protetores apresentarem componentes tóxicos, há opções sustentáveis, veganas ou biodegradáveis — Foto: Freepik

Joyce comenta que as oxibenzona, bezofenonas e benzenos são as maiores vilãs do protetor solar. Elas são importantes para que exista a proteção UVA e UVB e, por apresentarem baixo custo, são mais comuns nas formulações mais baratas. Mas, segundo ela, já existem “novas moléculas com um custo maior, é claro, porém não trazem essa toxicidade” para o corpo e meio ambiente.

“O benzeno sempre foi uma molécula barata para ser usada em formulações de filtro UV, mas ele tem permeação cutânea e é, comprovadamente, um filtro orgânico que sofre absorção atingindo níveis plasmáticos.”

 

Isso quer dizer que a substância vai cair na corrente sanguínea e gerar bioacumulação no organismo ao longo dos anos. Por isso, a especialista reforça a procura por opções que não possuam essas substâncias na composição: “Existem diversos protetores solares com moléculas da nova geração, que não caem na corrente sanguínea, não têm a questão do risco não só para a saúde, mas também para o meio ambiente.”

O filtro solar impede a produção de vitamina D?

A vitamina D é extremamente importante em vários aspectos, tanto na questão óssea e no desenvolvimento de musculatura, como na imunidade, crescimento e metabolismo. Apesar do que é propagado em alguns vídeos, o produto não interfere nesse processo em um nível prejudicial a nossa saúde.

 

A Sociedade Brasileira de Dermatologia detalha a forma correta de usar protetor solar em cada parte do corpo — Foto: Pexels

A Sociedade Brasileira de Dermatologia detalha a forma correta de usar protetor solar em cada parte do corpo — Foto: Pexels

Acontece que, segundo a farmacêutica, a maioria da população não aplica o produto da forma correta, na quantidade necessária e, menos ainda, cobrindo todo o corpo – ainda mais quando se trata de proteção solar em regiões litorâneas.

 

“É importante lembrar que nós estamos no Brasil. A gente tem muita radiação, ela é imensa e é intensa aqui. Então não vamos ter prejuízos quanto à absorção de vitamina D, justamente pela quantidade que deve ser aplicada.”

De acordo com as orientações da SDB (Sociedade Brasileira de Dermatologia), o filtro deve ser aplicado uniformemente todos os dias, ao menos 30 minutos antes da exposição solar, ser reaplicado a cada 3 horas e com cuidado especial aos produtos para o rosto. Além disso, o artigo descreve a quantidade necessária para cada parte do corpo:

 

“Uma colher de chá no rosto, no pescoço e na cabeça; uma colher de chá para a parte da frente do tronco e outra para a parte de trás; uma colher de chá para cada braço; uma colher de chá para a parte da frente de cada perna e outra para a parte de trás de cada perna”.

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