Dólar e Ibovespa operam em alta após adiamento das tarifas de Trump contra a União Europeia


Na sexta-feira, a moeda norte-americana recuou 0,27%, cotada a R$ 5,6460. A bolsa encerrou em alta de 0,40%, aos 137.824 pontos. Notas de dólar
Luisa Gonzalez/ Reuters
O dólar opera em alta nesta segunda-feira (26), cotado a R$ 5,6565. O Ibovespa, principal índice de ações da bolsa de valores brasileira (B3), também sobe, aos 138.109 pontos.
O mercado acompanha de perto o adiamento das tarifas de 50% contra a União Europeia, que haviam sido anunciadas na sexta (23) pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
No fim de semana, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, pediu o adiamento da medida para abrir espaço para negociações. Trump aceitou, e adiou o aumento das taxas para julho.
▶️ No cenário internacional, o feriado de Memorial Day nos Estados Unidos leva a atenção para a Europa. A presidente do Banco Central Europeu, Christine Lagarde, faz um discurso que pode trazer sinais sobre o futuro das novas tarifas anunciadas por Trump e dos juros na zona do euro.
▶️ No Brasil, o mercado aguarda mais informações do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, sobre o aumento do IOF. O governo ainda não divulgou o quanto deixará de arrecadar depois de ter revogado o aumento da taxa para investimentos no exterior.
O mercado também avalia a nova edição do boletim Focus, que mostra aumento da previsão do PIB brasileiro para este ano, de 2,02% para 2,14%. As projeções de inflação continuam em 5,50%.
Além disso, os investidores acompanham a agenda de indicadores econômicos no Brasil e no exterior. Por aqui, os destaques da semana incluem:
Terça-feira (27): divulgação da prévia da inflação (IPCA-15);
Quinta-feira (29): taxa de desemprego e dados de emprego formal (Caged);
Sexta-feira (30): divulgação do Produto Interno Bruto (PIB) do segundo trimestre.
Veja abaixo o resumo dos mercados.
💲Dólar

a
Acumulado da semana: -0,40%;
Acumulado do mês: -0,55%;
Acumulado do ano: -8,64%.
📈Ibovespa

Acumulado da semana: -0,98%;
Acumulado do mês: +2,04%;
Acumulado do ano: +14,58%.
Haddad sobre medidas econômicas do governo: ‘Na direção correta’
O que está mexendo com os mercados?
Além do bloqueio de R$ 31,3 bilhões no orçamento deste ano, a expectativa do governo é que os ajustes no IOF gerem uma arrecadação adicional de R$ 20,5 bilhões em 2025, contribuindo para o cumprimento da meta fiscal de zerar o déficit das contas públicas.
O que gerou a reação negativa do mercado, no entanto, foi a forma como o governo apresentou o pacote fiscal:
de um lado, o bloqueio de R$ 31,3 bilhões em despesas, visto como um sinal positivo de responsabilidade fiscal;
de outro, o aumento do IOF, que causou desconforto por ter sido mal comunicado, por afetar investimentos e por ser interpretado como uma tentativa de aumentar a arrecadação em vez de cortar gastos, segundo analistas.
Além disso, a elevação da alíquota para aplicações de fundos nacionais no exterior gerou ruídos sobre um possível controle de capitais — o que levou o governo a recuar da medida poucas horas depois.
Na coletiva desta sexta-feira (23), Haddad não descartou a possibilidade de aumentar o bloqueio no orçamento por causa do recuo.
“Pode ser que tenhamos que ampliar o contingenciamento, fazer um ajuste nessa faixa. O importante é que foi revisto e nós temos uma semana para enviar o decreto”, disse.
Sobre o assunto, o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, afirmou que ficou evidente que o objetivo do Ministério da Fazenda era perseguir a meta fiscal. Ele elogiou a postura da equipe econômica por reagir rapidamente às críticas e recuar do aumento sobre os investimentos no exterior.
Galípolo também destacou que, diante do dinamismo “bastante surpreendente” da economia brasileira, é necessário manter a taxa de juros em um patamar mais contracionista por um período mais prolongado, a fim de alinhar a inflação à meta estabelecida.
Nova ameaça tarifária de Trump
Na sexta-feira (23), Trump declarou que recomendaria a aplicação de uma tarifa de 50% sobre produtos da União Europeia a partir de junho, o que resultaria em impostos elevados sobre itens de luxo, medicamentos e outros bens fabricados por empresas europeias.
No domingo, o presidente dos EUA concordou em adiar a medida para o dia 9 de julho. A decisão foi tomada após um pedido de Ursula von der Leyen, que telefonou para o republicano. Representantes comerciais dos EUA e da UE devem iniciar discussões nesta segunda-feira.
Von der Leyen disse em um post no X que teve um “bom telefonema” com Trump e que a UE está pronta para agir rapidamente. “A Europa está pronta para avançar nas negociações de forma rápida e decisiva”, disse ela.
A UE enfrenta tarifas de importação de 25% dos EUA sobre seu aço, alumínio e carros e as chamadas tarifas “recíprocas” de 10% para quase todos os outros produtos. Entre os afetados estão os veículos de marcas alemãs, como BMWs e Porsches, até azeite de oliva italiano e bolsas de luxo francesas. 
Cenário fiscal dos EUA
Continuam também as avaliações da aprovação pela Câmara dos Deputados dos EUA do “One Big Beautiful Bill Act” (“Um projeto grande e bonito”, na tradução), nomeado pelos republicanos em homenagem ao presidente Donald Trump.
O pacote, que agora segue para o Senado, busca tornar permanentes os cortes de impostos de renda individual e sobre herança aprovados no primeiro mandato de Trump, em 2017, além de promulgar promessas que ele fez na campanha de 2024 de não tributar gorjetas, horas extras e juros de alguns empréstimos para automóveis.

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