Na terça-feira, a moeda norte-americana recuou 0,53%, cotada a R$ 5,6451. Já a bolsa fechou em alta de 1,02%, aos 139.541 pontos. Notas de dólar
Cris Faga/Dragonfly/Estadão Conteúdo
O dólar opera em alta de 0,99% nesta quinta-feira (28), já cotado acima de R$ 5,70 às 12h40. Já o Ibovespa tinha queda de 0,64%, aos 138.649 pontos.
Investidores aguardam a divulgação de novos dados de emprego no Brasil e da ata da última reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) dos Estados Unidos, em busca de novos sinais sobre as contas públicas norte-americanas.
No noticiário corporativo, as atenções ficam com a Azul, que entrou com um pedido de recuperação judicial nos Estados Unidos (leia mais abaixo). Após o leilão, a cotação dos papéis da companhia melhorou e as ações caíam 0,93% às 12h40.
▶️ No Brasil, as atenções ficam voltadas para os novos dados do Caged, que devem mostrar um aumento na criação de empregos em abril em relação a março. O resultado deve dar novas pistas sobre o rumo da economia no país.
▶️ Além disso, as pressões do Congresso Nacional para barrar o aumento do IOF continuam a gerar preocupações sobre o possível impacto nas contas públicas — especialmente porque o governo ainda não esclareceu como pretende compensar a redução na arrecadação sobre investimentos no exterior. A expectativa é que essa definição seja apresentada até o fim da semana.
▶️ No exterior, o destaque fica com a ata da reunião de maio do Federal Reserve (Fed, o BC dos EUA), que deve ser divulgada durante a tarde. A expectativa é que o documento dê novos sinais sobre como a instituição lida com as incertezas locais e como isso deve afetar os juros no país.
Entenda abaixo como cada um desses fatores impacta o mercado.
💲Dólar
a
Acumulado da semana: -0,02%;
Acumulado do mês: -0,56%;
Acumulado do ano: -8,65%.
📈Ibovespa
Acumulado da semana: +1,25%;
Acumulado do mês: +3,31%;
Acumulado do ano: +16,01%.
Haddad sobre medidas econômicas do governo: ‘Na direção correta’
Pedido de recuperação judicial da Azul
A Azul anunciou nesta quarta-feira (28) que acionou o Capítulo 11 da Lei de Falências norte-americana, ou “Chapter 11”, uma ferramenta semelhante ao processo de recuperação judicial no Brasil.
De acordo com a companhia, o processo nos Estados Unidos “permite às empresas operar e atender seus públicos de interesse normalmente, enquanto trabalham nos bastidores para ajustar sua estrutura financeira”.
O objetivo é eliminar mais de US$ 2 bilhões (cerca de R$ 11,28 bilhões) em dívidas, e a empresa vai seguir operando normalmente neste período, segundo a Azul.
Mesmo com o mercado já ciente do mau momento da companhia, o pedido de recuperação judicial gerou uma reação bastante negativa nesta quarta-feira. No pré-mercado, os papéis da empresa na bolsa americana chegaram a recuar 40%.
No Brasil, a queda da Azul no Ibovespa era de aproximadamente 6% por volta das 10h45, até que os papéis foram colocados em leilão.
🔎 O leilão é acionado quando há oscilações abruptas no preço das ações ou em momentos específicos. Ele serve para proteger o mercado de movimentos extremos e permitir que os investidores reajam com mais calma.
Há duas semanas, as ações da Azul despencaram por aqui e lideraram as perdas do Ibovespa, após a companhia reportar um prejuízo de R$ 1,82 bilhão no primeiro trimestre do ano, pior do que em 2024. No ano, a queda já acumula 70%.
IPCA-15
Os investidores acompanham de perto indicadores econômicos como o IPCA-15 para tentar antecipar as decisões do Banco Central (BC) sobre os juros no país, que afetam o valor das ações, dos títulos públicos, do dólar e de outros investimentos.
Atualmente, a taxa básica de juros do Brasil, conhecida como Selic, está em 14,75%, o maior patamar em quase 20 anos. A lógica do BC é aumentar os juros para desestimular o consumo e, assim, controlar a inflação.
Por isso, o resultado do IPCA-15 divulgado pelo IBGE, com a prévia da inflação mais baixa do que as expectativas, é um bom sinal para o mercado.
“A gente acha que isso não deve ter grandes implicações para o Banco Central, mas o ajuda no curto prazo, obviamente, com uma inflação mais comportada, e a ter mais conforto para o encerramento do ciclo [da alta de juros]”, explica Rafael Cardoso, economista-chefe do Banco Daycoval.
Outros destaques da agenda econômica desta semana são:
Quarta-feira (28): dados de emprego formal (Caged);
Quinta-feira (29): taxa de desemprego (Pnad Contínua);
Sexta-feira (30): divulgação do Produto Interno Bruto (PIB) do segundo trimestre.
Pressões contra o aumento do IOF
Por outro lado, as pressões para barrar o aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) implementado pelo governo na semana passada preocupam o mercado interno.
O Congresso Nacional já recebeu 20 propostas para suspender a medida, que prevê arrecadar R$ 20,5 bilhões em 2025, ajudando a cumprir a meta de zerar o déficit fiscal.
Apesar de, à primeira vista, o aumento do IOF poder ser interpretado como um sinal de que o governo está preocupado em equilibrar as contas públicas, gerou críticas por parecer uma tentativa de arrecadar mais, e não de cortar gastos, segundo analistas.
Além disso, a alta do imposto para aplicações de fundos no exterior levantou temores de controle de capitais, levando o governo a recuar poucas horas depois sobre esse ponto específico da medida — e a abrir mão de parte da arrecadação.
Na sexta (23), o ministro Fernando Haddad minimizou o impacto da decisão, mas admitiu que o recuo pode exigir um bloqueio maior no orçamento, inicialmente de R$ 31,3 bilhões.
Nesta segunda (26), Haddad afirmou que o governo ainda avalia como compensar a renúncia: “Temos até o fim da semana para decidir se será com mais contingenciamento ou com alguma substituição”, disse.
Alívio nas tarifas de Trump
No ambiente externo, os investidores seguem atentos à possibilidade de acordos entre os Estados Unidos e os países submetidos ao tarifaço de Donald Trump, em especial às negociações com a União Europeia.
🔎 O mercado entende que o aumento das tarifas sobre produtos importados pelos EUA pode elevar os preços finais e os custos de produção, pressionando a inflação e reduzindo o consumo — o que pode levar a uma desaceleração da maior economia do mundo ou até mesmo a uma recessão global. Assim, a leitura costuma ser positiva sobre alívios nas tarifas.
Na sexta-feira (23), Trump declarou que recomendaria a aplicação de uma tarifa de 50% sobre produtos da União Europeia a partir de junho, o que resultaria em impostos elevados sobre itens de luxo, medicamentos e outros bens fabricados por empresas europeias.
No domingo, no entanto, o presidente dos EUA concordou em adiar a medida para o dia 9 de julho, o que trouxe alívio para os investidores.
Nesta terça-feira, Trump reforçou esse sentimento ao dizer que a UE procurou os EUA para definir rapidamente as datas das reuniões sobre os acordos.
“Este é um evento positivo, e espero que eles, finalmente, assim como eu exijo à China, abram as nações europeias para o comércio com os Estados Unidos da América. Ambos ficarão muito felizes e bem-sucedidos se o fizerem”, escreveu nas redes sociais.
A UE enfrenta tarifas de importação de 25% dos EUA sobre seu aço, alumínio e carros e as chamadas tarifas “recíprocas” de 10% para quase todos os outros produtos. Entre os afetados estão os veículos de marcas alemãs, como BMWs e Porsches, até azeite de oliva italiano e bolsas de luxo francesas.