A diretora Cibele Amaral (Por Que Você Não Chora?), que também integra a Conexão Audiovisual Centro-Oeste, Norte e Nordeste (Conne), analisa que o movimento é reflexo das negociações entre produtores, distribuidores e plataformas. “Normalmente se faz uma pré venda para o streaming e já se pré estabelece a janela que o filme vai fazer no cinema e quando será sua estreia no streaming. As plataformas estabelecem seus termos e muitas vezes, os produtores e distribuidores fecham a melhor proposta que conseguem”, explica.
Para ela, a polêmica evidencia a necessidade de regulação das plataformas de streaming, com o estabelecimento de uma janela mais extensa entre a estreia dos filmes no cinema e nos serviços de streaming. “Isso é importante não só para os produtores e distribuidores dos filmes, mas também para os exibidores: os cinemas. Porque realmente é triste ver um filme que está performando muito bem nas salas de cinema ir tão rápido para as plataformas. Isso quebra o mercado”, avalia.
A especialista defende ainda que a discussão sobre o filme chegar a mais pessoas é válida, mas pondera que o tema envolve outras discussões e fatores como a expansão do parque audiovisual com mais salas em mais cidades e mais bairros. “Para o mercado audiovisual é muito problemático a janela curta entre a estreia nas salas e a chegada nas plataformas”, analisa Cibele.
Repercussão na web
Nas redes sociais, a disponibilização de Homem com H na Netflix enquanto o filme ainda está em cartaz nos cinemas gerou debate. O perfil Tanto Cine, no Instagram, incentivou a discussão entre os seguidores, que se dividiram entre elogios e críticas à estratégia.
De um lado, muitos celebraram a estreia no streaming, apontando o custo alto de ir ao cinema como um impeditivo para grande parte da população. “A Netflix está cara, mais de 45 reais de mensalidade, mas eu assisto filme o mês inteiro. Para levar minha família ao cinema, não gastamos menos de 200 reais para ver um único filme. Falta consciência de classe!”, comentou um internauta.