Sétimo filme da saga tem boas cenas, mas não encontra uma resposta para o cansaço com a fórmula
A imagem mais marcante de Jurassic World: Recomeço é também a mais profética. Enquanto tenta convencer a mercenária Zora Bennett (Scarlett Johansson) a liderar uma missão de extração em mais uma ilha lotada de dinossauros, Martin Krebs – Rupert Friend como um executivo de uma farmacêutica que quer DNAs jurássicos para criar remédios, e que com certeza não se revelará como um vilão ganancioso – dirige pelas ruas engarrafadas de Nova York. O congestionamento da vez tem uma causa curiosa: o brontossauro doente do zoológico local fugiu e ninguém consegue tirá-lo do meio de um cruzamento. Impaciente, Krebs dispara: “Morra ou viva, só saia logo da frente.”
O momento, um que espelha a crescente indiferença à franquia, é apenas um dos ecos da realidade dentro do filme de Gareth Edwards. A maioria vem do texto de David Koepp, escriba do clássico de 1993, e surge em falas como a que descreve os animais desta parte do arquipélago da Isla Nublar como frutos da “engenharia do entretenimento”. Através desses toques, Jurassic World: Recomeço se torna um filme movido por uma pergunta: como fazer as pessoas se importarem com dinossauros novamente? Ao fim de seus 134 minutos, os heróis que sobrevivem aos encontros letais com Tiranossauros, Pterodátilos e – o mutante da vez – o temível Dementus Rex (um mix de Xenomorfo com Rancor com T-Rex) retornam, metaforicamente falando, de mãos abanando.
A jornada entre o trânsito nova-iorquino do começo e esta conclusão repetitiva tem seus momentos. Ao longo dela, Zora lidera um grupo que conta com Krebs, o contrabandista Duncan Kincaid (Mahershala Ali, cujo charme merecia muito mais), dois ou três coadjuvantes que existem apenas para serem devorados e o paleontologista Dr. Henry Loomis (Jonathan Bailey), estudante de Dr. Alan Grant (Sam Neill), e o responsável por externalizar as ideias mais românticas de Recomeço sobre as criaturas e seu papel no mundo, e no cinema, atual. Movidos por arcos básicos, mas funcionais, esse quarteto se beneficia demais do carisma do elenco, e em especial de Ali, mas precisam dividir o espaço de tela com a família Delgado, liderada pelo pai Reuben (Manuel Garcia-Rulfo), que só quer atravessar o Atlântico com as filhas antes que a mais velha, acompanhada do namorado quase insuportável, vá para a faculdade.
Como esse barco passou pelas patrulhas internacionais em volta das ilhas? Por que Reuben achou uma boa ideia navegar por aquelas águas? Jurassic World: Recomeço dá seus pulos para tentar justificar isso, mas a verdade é que sua presença ali parece ser apenas para garantir que; A) O filme tenha uma criança, o que nos leva a; B) Essa criança fique amiga de um dinossaurinho que será transformado num brinquedo.