Haddad promete medidas de proteção a setores afetados nos próximos dias: ‘Nada do que foi anunciado não pode ser revisto’

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta quinta-feira (31) o decreto que formaliza a sobretaxa de 50% imposta pelos Estados Unidos a produtos brasileiros acabou sendo melhor do que o esperado, representando um “melhor ponto de partida” para negociações que terão prosseguimento.
Segundo cálculos da Câmara Americana de Comércio para o Brasil (Amcham Brasil), com uma lista de exceções de 694 produtos que o Brasil exporta para os Estados Unidos do tarifaço, cerca de 43% das vendas feitas aos norte-americanos no ano passado não foram afetadas.
Em entrevista na portaria do Ministério da Fazenda, ele afirmou que as negociações sobre o tema ainda estão “longe de um ponto de chegada”.
“Estamos em um ponto de partida mais favorável do que se imaginava, mas longe do ponto de chegada. Há muita injustiça nas ações anunciadas ontem, há correções a serem feitas, há setores que foram afetados e não deveriam ser”, frisou.
O decreto assinado nesta quarta-feira (30) pelo presidente Donald Trump elevou para 50% a alíquota sobre produtos brasileiros, mas também trouxe uma lista de 700 exceções que beneficiam segmentos estratégicos como o aeronáutico, o energético e parte do agronegócio.
Casos ‘dramáticos’
Pela decisão do presidente Donald Trump, setores como o de café, carne bovina e frutas devem sentir o impacto com força pois sofrerão com uma alíquota adicional de 50% em suas vendas aos Estados Unidos.
De acordo com Haddad, há casos “dramáticos” entre os afetados. “Estamos ampliando as nossas exportações, mas procurando equilibrar entre os vários destinos, justamente para não ter dependência em nenhum dos blocos econômicos e poder funcionar a economia”.
Em nota divulgada nesta quarta-feira (30), a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (ABIEC) informou que a aplicação de uma nova tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, sem isenção para a carne bovina, somada à alíquota atual de 26,4%, compromete a viabilidade econômica das exportações ao mercado norte-americano, que importou 229 mil toneladas em 2024. Para 2025, a previsão era atingir 400 mil toneladas.
“A entidade está em diálogo com os importadores norte-americanos e colabora com o governo federal na busca de uma solução negociada. Reforça a importância de preservar o fluxo comercial com os EUA, que enfrentam atualmente o menor ciclo pecuário dos últimos 80 anos”, informou a Abiec.
Ajuda a setores afetados
O ministro da Fazenda também afirmou que o governo segue trabalhando em uma ajuda aos setores afetados pelo tarifaço, que será anunciada nos próximos dias — com foco na indústria, na manutenção de empregos e no setor do agronegócio.
“Nós vamos agora calibrar, justamente à luz do que foi anunciado ontem, vamos fazer a calibragem para que isso possa acontecer o mais rápido possível. Os atos já estão sendo preparados”, disse Haddad a jornalistas.
Entre as medidas, segundo Haddad, haverá linhas de crédito aos setores que tiverem suas vendas externas aos Estados Unidos sobretaxadas. “Vamos analisar caso a caso”, disse o ministro.
Ele não confirmou novas ações, mas o ministro já havia informado nesta semana que um plano de proteção ao emprego, nos moldes do que aconteceu na pandemia da Covid-19 — quando o governo pagava parte ou mesmo a íntegra de salários de empregados do setor privado e, em troca, as empresas deveriam garantir por algum tempo a manutenção destas contratações — é uma opção que está na mesa.
Se as medidas emergenciais adotadas durante a pandemia servirem de modelo para a área econômica, também pode ser adotado um adiamento de tributos, ou seja, uma prorrogação de prazos para pagamento de impostos como Simples Nacional, FGTS e INSS patronal, e suspensão de infrações pelo não recolhimento. Essas ações, porém, não estão confirmadas.

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