O que é o processador do celular e como ele funciona?


Smartphone desmontado. O processador está na maior peça, que é a placa principal do celular.
Dan Cristian Pădureț/Pexels
O processador faz parte de quase todos os aspectos do desempenho do celular. É o “cérebro” do dispositivo.
O chip precisa garantir rapidez no uso do aparelho, desde a abertura de aplicativos em milissegundos, o gerenciamento do consumo de bateria e lidar com tarefas simultâneas sem travar.
Para fazer tudo isso, o chip usado nos celulares é diferente daquele usado nos computadores convencionais. Nos PCs, cada parte é individual – como a placa-mãe, o processador, a placa de vídeo, por exemplo.
Empresas como Apple, MediaTek, Qualcomm e Samsung desenvolvem esses produtos baseados no que se chama de SoC, ou System on a Chip – sistema em um chip só.
O SoC junta os pedacinhos essenciais para o funcionamento do celular em uma peça só:
CPU (o processador)
GPU (a placa de vídeo)
NPU (unidade de processamento neural, usada para funções de inteligência artificial)
ISP (processador de sinal de imagem, usado na fotografia)
Módulos de conectividade (modem 5G, wi-fi, bluetooth)
O Guia de Compras preparou uma lista de perguntas e respostas sobre o tema. Veja a seguir:
Como se mede o desempenho do processador?
Um celular dobrável tem chip diferente?
Por que os celulares mais caros têm processadores melhores?
O que o controle da temperatura tem a ver com o chip?
Carga rápida da bateria tem relação com o processador?
Uso de inteligência artificial causa impacto no uso do celular?
Como saber qual é o melhor processador para o meu celular?
Como se mede o desempenho do processador?
Dá para pensar que a construção de um processador é similar à de um motor de carro, explica Samir Vani, diretor da MediaTek no Brasil.
O chip do celular precisa equilibrar as funcionalidades principais para garantir que nada trave, por exemplo.
O desempenho é determinado pela arquitetura e geração dos processadores (quanto mais nova, maior a capacidade de processamento), pela velocidade do clock (a frequência que eles executam suas funções básicas) e pelo número de núcleos da CPU (o padrão hoje são de 8 a 10, distribuindo a carga de processamento).
Abrir um game exige do processador o esforço de “inicializar o aplicativo”, mas o SoC consegue liberar o processamento de vídeo (os gráficos do jogo) para a GPU, em um “jogo do equilíbrio” com a CPU e, dependendo do aparelho, a NPU.
A ideia aqui é que o SoC consiga balancear todos os recursos ao mesmo tempo – como rodar o game em maior resolução, sem travar, com gráficos fluidos e ainda gastar o mínimo de energia possível.
“Hoje, os processadores têm os mesmos recursos de placas de vídeo mais avançadas, com o Ray Tracing, que “simula o comportamento da luz real” para oferecer gráficos mais realistas, explica Helio Oyama, diretor de negócios da Qualcomm.
Vale ressaltar que cada fabricante pode criar o SoC (e seus ajustes internos) seguindo especificações do smartphone.
Mas todos os chips de celular, independentemente de quem o produziu, seguem as instruções de produtos criados pela ARM, uma companhia inglesa dona da “receita” dos chips de celular.
Um celular dobrável tem chip diferente?
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Samsung/Divulgação
Na prática, é quase o mesmo chip, com algumas pequenas mudanças.
Ele precisa ser poderoso para atender a demandas específicas, segundo Oyama, como suporte a múltiplas telas, maior eficiência para equilibrar o consumo de energia e melhorar a gestão térmica.
Nesse momento, entra a otimização de fabricante de chip em parceria com a marca do celular. “São feitos ajustes na GPU para lidar de forma mais eficiente com as telas externas e internas”, completa o executivo da Qualcomm.
Por que os celulares mais caros têm processadores melhores?
Os processadores usados nos smartphones topo de linha são os que têm chips mais avançados fabricados em processos nanométricos. Um nanômetro é uma medida de tamanho referente à bilionésima parte de um metro.
“Os nanômetros referem-se à litografia, ou seja, a distância entre os transistores em um chip. Quanto menor esse espaçamento, maior o número de transistores que podem ser colocados nele”, comenta Oyama.
Na prática, mais transistores representam maior velocidade de processamento e melhor desempenho sem precisar aumentar o tamanho físico do SoC.
Os chips mais novos, como o Apple A18 Pro (iPhone 16e), Qualcomm Snapdragon 8 Elite (Samsung Galaxy Z Fold7), Samsung Exynos 2400e (Galaxy S24 FE) e MediaTek Dimensity 9400+ (aparelhos da Oppo e Jovi lançados na Ásia), são fabricados com processos de 3 nanômetros, o mais avançado até o momento.
Aparelhos intermediários usam chips de 4 a 6 nanômetros, por exemplo. Pouco mais de dez anos atrás, os processos eram de 28 nanômetros, como o Apple A7 do iPhone 5C.
O que o controle da temperatura tem a ver com o processador?
Se a temperatura do processador aumenta muito, o celular esquenta na mão do consumidor. “Isso faz com que o desempenho caia e o consumo de energia aumente”, diz Vani, da MediaTek.
Mais calor significa aumento no consumo e menor duração da bateria.
Os SoCs utilizam algoritmos para “reger a orquestra de componentes” para tornar tudo mais eficiente, segundo o executivo.
Celular carrega mais rápido se tiver processador melhor?
Além do controle energético presente nos processadores de celulares, que ajuda a bateria a durar mais, o SoC também lida com o tempo de carregamento. Nesse caso, não precisa ser o celular mais novo, com o chip mais recente.
Modelos intermediários mais novos (como a geração chinesa recém-chegada ao Brasil) suportam carregadores de 45W, 60W e até 100W, que permite “encher” a bateria bem rápido.
Para comparação, o carregador padrão do iPhone vendido pela Apple é de 20W.
O chip ajusta o controle de corrente e voltagem enviado para a bateria.
Se o celular tiver o recurso de carga rápida, o tempo do telefone ligado na tomada diminui drasticamente. “Um carregamento de 5% a 70% em 20 minutos pode mudar como o usuário interage com o aparelho”, diz Vani.
Uso de inteligência artificial causa impacto no uso do celular?
As funcionalidades mais novas de inteligência artificial no celular esbarram em uma questão de privacidade.
Ao pedir para editor de imagens de um Galaxy S25 ou iPhone 16 removerem e recriarem partes da foto, por exemplo, é comum que os dados sejam enviados para a nuvem do Google, Samsung ou Apple para processamento.
A NPU do SoC entra para resolver ou pelo menos reduzir o envio de dados pessoais para os servidores dessas empresas. Como ocorre com a GPU, a NPU alivia o processador para lidar com esses dados.
De novo, entra a questão da bateria: com o processamento no celular, o consumo de energia é reduzido e elimina a questão de usar wi-fi ou 5G para mandar os dados.
Como saber qual é o melhor processador para o meu celular?
Essa resposta envolve avaliar os diversos critérios citados acima – como desempenho geral e eficiência energética –, além das capacidades específicas de cada celular (como tamanho e resolução da tela, capacidade total da bateria, número de câmeras, resolução das câmeras).
Checar pela última geração dos fabricantes (Apple, MediaTek, Samsung e Qualcomm) também é um indicador de um produto melhor.
Os sistemas em um chip mais recentes dessas marcas são:
Apple: A16 Bionic, A17 Pro, A18 e A18 Pro (usados do iPhone 15 em diante)
MediaTek: Dimensity 9300 e 9400 (topo de linha), 7200 e 8300 (intermediários) e 6300 (básicos)
Samsung: Exynos 2400 e 2500 (topo de linha), 1580 (intermediários) e 1530 (básicos)
Qualcomm: Snapdragon 8 Elite (topo de linha), 7 Gen 4 e 6 Gen 4 (intermediários), 4 Gen 2 (básicos).
Veja a seguir uma lista de smartphones com SoCs mais recentes da Apple, Qualcomm e MediaTek. Os preços dos produtos iam de R$ 4.000 a R$ 13.600 nas lojas on-line consultadas em agosto.
Apple iPhone 16 Pro Max
Motorola Edge 60 Pro
Samsung Galaxy Z Fold7
Xiaomi 14T
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