Fabiano Azevedo do Site Amazônia Agora
O Brasil está prestes a se tornar o primeiro país do mundo a disponibilizar a vacina contra a dengue na rede pública, marcando um avanço significativo no combate a essa doença transmitida pelo mosquito Aedes aegypti. No entanto, o país se depara com desafios relacionados à quantidade de doses disponíveis para a população.
De acordo com informações do Ministério da Saúde, o Brasil deverá ter acesso a até 6 milhões de doses da vacina ao longo deste ano. Contudo, como a aplicação é feita em duas doses, apenas 3 milhões de pessoas serão vacinadas em 2024. Isso levanta preocupações, considerando a persistência da dengue em diversas regiões do país.
No Acre, por exemplo, mais de 2,6 mil casos foram confirmados no ano passado, destacando a urgência da imunização para conter a propagação da doença. O Ministério da Saúde está se preparando para iniciar a vacinação em fevereiro, seguindo as diretrizes da Organização Mundial da Saúde (OMS) de priorizar a faixa etária entre 6 e 16 anos.
A vacina adotada pelo Brasil, conhecida como Qdenga (TAK-003), foi desenvolvida pelo laboratório japonês Takeda Pharma e teve seu registro aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em março de 2023. Segundo o laboratório, a vacina é recomendada para pessoas entre 4 e 60 anos, abrangendo uma faixa etária ampla.
O país enfrenta o desafio de decidir, em conjunto com estados e municípios, qual faixa etária será priorizada diante do quantitativo de doses reduzido. Essa decisão será tomada em uma reunião marcada para quinta-feira (25), onde se espera que estratégias eficazes sejam elaboradas para maximizar o impacto da vacinação.
O infectologista explica que a vacina contra a dengue é composta por um vírus atenuado, enfraquecido, contendo fragmentos dos diferentes tipos de dengue. No entanto, algumas restrições se aplicam, como a impossibilidade de administração em pessoas com doenças que comprometam a imunidade, uso prolongado de corticoides, gestantes e lactantes.
É essencial destacar a gravidade da dengue no Brasil. Em 2023, o país registrou 1,6 milhão de casos e 1.094 mortes devido à doença. Os casos em 2024 já ultrapassam 10 mil, com sete mortes sob investigação. Estados como Espírito Santo, Minas Gerais, Santa Catarina, Paraná, Mato Grosso do Sul, Distrito Federal e Goiás lideraram em incidência.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) destaca que o Brasil tem o maior número de casos da doença no mundo, com 2,9 milhões de casos entre janeiro e dezembro de 2023. Portanto, a introdução da vacina representa uma esperança significativa, mas a limitação das doses disponíveis demanda um planejamento cuidadoso para garantir que a imunização alcance o máximo de pessoas possível.