A Assembleia Legislativa do Acre (Aleac) realizou uma audiência pública nesta quinta-feira, 27, para debater a saúde indígena no estado. Proposta pelo deputado Adailton Cruz (PSB), a audiência teve o objetivo de identificar os desafios, sugerir soluções e fortalecer as políticas públicas voltadas para os povos indígenas do Acre.
O evento contou com a participação de representantes de entidades de saúde e direitos indígenas, líderes de diferentes etnias, membros do Poder Executivo e especialistas na área. Durante a discussão, foram abordados temas como a estrutura dos serviços de saúde nas aldeias, escassez de profissionais qualificados, dificuldades no acesso a tratamentos médicos e a necessidade de mais recursos para o setor.
Adailton Cruz enfatizou que a saúde indígena vai além do atendimento médico, demandando a integração de diversas áreas governamentais e o comprometimento da sociedade. Ele destacou a importância de garantir uma assistência que respeite as especificidades culturais dos povos indígenas, com estruturas adequadas e medicamentos acessíveis.
Lideranças indígenas compartilharam relatos sobre os desafios enfrentados nas comunidades, como a falta de medicamentos, transporte precário para atendimentos médicos e a carência de profissionais bilíngues para atender os pacientes.
O Promotor de Justiça, Juleandro Martins, falou sobre a atuação do Ministério Público do Acre na defesa dos direitos indígenas, destacando a criação do Grupo de Trabalho na Defesa dos Direitos dos Povos Indígenas (GT-Indígena) e o projeto institucional TXAI MPAC. Ele ressaltou a gravidade dos problemas de saúde, como a desnutrição, óbitos infantis e aumento de suicídios, e enfatizou a necessidade de um trabalho conjunto para resolver essas questões.
A Secretária da Secretaria Extraordinária dos Povos Indígenas (SEPI), Francisca Arara, também abordou a valorização dos profissionais de saúde indígena e a necessidade de melhores condições de trabalho. Ela alertou para a falta de infraestrutura adequada, como transporte aéreo para atendimentos emergenciais, e pediu mais investimentos em segurança alimentar.
Após ouvir os relatos, a secretária adjunta da Secretaria de Estado de Saúde (Sesacre), Ana Cristina, destacou a importância de um alinhamento institucional para resolver os problemas de forma prática. Ela mencionou a falta de registro de demandas no sistema de regulação como um dos principais obstáculos para a organização do atendimento itinerante e apontou a escassez de leitos na maternidade como um problema a ser solucionado com a construção de uma nova unidade.
No final da audiência, foi elaborado um relatório com as principais demandas e sugestões de ações concretas a serem encaminhadas aos governos estadual e federal, com o objetivo de promover melhorias na saúde indígena do Acre.