Avanço da informalidade ameaça empregos formais no comércio do Acre, aponta Fecomércio

Apesar da criação de 429 novos empregos com carteira assinada no Acre em fevereiro deste ano, o comércio local enfrenta um cenário preocupante. De acordo com análise da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Acre (Fecomércio), baseada em dados oficiais e em pesquisa feita com o Instituto Data Control, o avanço do mercado informal tem impactado diretamente as contratações formais, provocando uma migração crescente de trabalhadores para outros setores, especialmente o de serviços.

Em fevereiro, o número total de empregos formais no estado chegou a 109.619, com 5.205 admissões e 4.776 demissões. O setor de serviços respondeu por cerca de 2.509 dessas contratações — quase o dobro do comércio, que gerou 1.146 vagas no período. Para o assessor da presidência da Fecomércio Acre, Egídio Garó, a explicação está no crescimento da informalidade. “Esse avanço impacta os resultados do comércio, o que explica a maior absorção de mão de obra pelo setor de serviços”, analisou.

A cidade de Rio Branco liderou em número de admissões, com 3.402 contratações. No entanto, também registrou 3.365 demissões, resultando em um saldo líquido de apenas 37 vagas. Já municípios como Cruzeiro do Sul (217) e Sena Madureira (115) apresentaram os melhores resultados. Em contraste, Tarauacá teve o pior desempenho entre os 22 municípios acreanos.

A Fecomércio alerta que o cenário pode se deteriorar ainda mais. “A tendência de queda nas contratações formais no comércio do Acre deve se acentuar, especialmente diante das políticas econômicas atuais. Contudo, setores como a indústria, a agricultura e uma política de juros mais flexível podem ajudar a reverter esse quadro e estimular a geração de empregos com carteira assinada em todo o estado”, avaliou Garó.

A pesquisa, divulgada em abril, aponta que 83% dos empresários do comércio em Rio Branco veem a informalidade como o principal entrave para novas contratações. Além disso, 62,3% das demissões no setor são motivadas pelos próprios trabalhadores, que optam por oportunidades no mercado informal ou em outras áreas.

O levantamento ouviu 200 pessoas na capital acreana. Destas, 51,5% afirmaram estar trabalhando, mas 33,7% atuam na informalidade. Isso representa um terço da força de trabalho ativa em Rio Branco sem vínculo empregatício formal.

Outro dado relevante é que 25% dos entrevistados não estão procurando emprego, enquanto 29,2% disseram atuar apenas em trabalhos esporádicos, muitos deles há mais de dois anos.

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