São Paulo — Quase dois anos e meio após proferir os ataques mais duros que já fez ao Supremo Tribunal Federal (STF), diante de uma multidão na Avenida Paulista, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) retorna, neste domingo (25/2), ao tradicional palco de manifestações em São Paulo, ainda mais pressionado pelas investigações e sob ameaça de sofrer aquilo que dizia ser impossível de ocorrer no fatídico discurso de 7 de setembro de 2021.
“[Quero] dizer àqueles que querem me tornar inelegível em Brasília: só Deus me tira de lá. E aqueles que pensam que, com uma caneta, podem me tirar da Presidência, digo uma coisa para todos: nós temos três alternativas, em especial para mim: preso, morto ou com vitória. Quero dizer aos canalhas que nunca serei preso”, disse Bolsonaro na ocasião, agravando a crise com o STF durante o seu mandato.
Desde então, Bolsonaro perdeu a reeleição em 2022, deixou a Presidência da República, foi duas vezes condenado a inelegibilidade pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e viu a lista de inquéritos que pesam sobre ele e seus aliados crescer, assim como também viu o cerco da Polícia Federal (PF) se fechar. O ato deste domingo na Paulista é uma resposta à mais recente operação deflagrada contra ele, neste mês, por suposta tentativa de golpe de Estado.
Em vez de ataques, como ocorreu no 7 de Setembro de 2021, quando Bolsonaro xingou o ministro Alexandre de Moraes de “canalha”, o objeto da manifestação deste domingo, organizada pelo pastor Silas Malafaia, é se defender. “O evento tem duas coisas basilares: o Estado Democrático de Direito e Bolsonaro se defender de acusações de pseudogolpe”, disse o líder evangélico.

Fábio Vieira/Metrópoles

Presidente Jair Bolsonaro no discurso aos apoiadores na Avenida Paulista, em SP Divulgação

Ato 7 de Setembro com Jair Bolsonaro na Avenida Paulista em SP Fábio Vieira/Metrópoles

As ruas da Paulista tomadas de manifestantes em favor do presidente Carolina Giovanelli/Metrópoles

Jair Bolsonaro em SP no 7 de Setembro Fábio Vieira/Metrópoles

Apoiadores de Bolsonaro fazem o próprio cartaz, em SP Carolina Giovanelli/Metrópoles

Cartazes contra o STF em ato realizado em São Paulo Carolina Giovanelli/Metrópoles

Presidente Jair Bolsonaro em trio elétrico durante ato na Avenida Paulista Fábio Vieira/Metrópoles

Mulheres com cartazes em inglês em apoio a Bolsonaro, em ato em São Paulo Carolina Giovanelli/Metrópoles

Faixas foram espalhadas por vários pontos da Paulista Carolina Giovanelli/Metrópoles

Jair Bolsonaro em SP no 7 de Setembro Fábio Vieira/Metrópoles

Casal bolsonarista atacou o STF com frases em inglês em protesto em SP Carolina Giovanelli/Metrópoles

Manifestantes com faixa espalhadas em concentração de ato Carolina Giovanelli/Metrópoles

Bolsonaristas promoveram ataques ao STF Carolina Giovanelli/Metrópoles


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Presidente Jair Bolsonaro no discurso aos apoiadores na Avenida Paulista, em SP

Presidente Jair Bolsonaro no discurso aos apoiadores na Avenida Paulista, em SP

Presidente Jair Bolsonaro no discurso aos apoiadores na Avenida Paulista, em SP

Presidente Jair Bolsonaro no discurso aos apoiadores na Avenida Paulista, em SP Reprodução

Bolsonaro em cima do trio elétrico onde discursou na Avenida Paulista Reprodução/GloboNews

Eduardo Bolsonaro, filho do presidente, participou do ato na Avenida Paulista Hyndara Freitas/Metrópoles

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Presidente Jair Bolsonaro no discurso aos apoiadores na Avenida Paulista, em SP Divulgação
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Ao Metrópoles Malafaia afirmou que não haverá ataques ao STF, mas críticas pontuais à “perseguição maldita e descabida contra Bolsonaro.” Segundo Fábio Wajngarten, ex-secretário especial da Comunicação e advogado de Bolsonaro, a expectativa é levar mais de 500 mil pessoas à Avenida Paulista, com o intuito de mostrar ao mundo que o ex-presidente ainda tem apoio popular, apesar das suspeitas que pesam sobre ele.
Além da investigação sobre o suposto plano de golpe de Estado, após a derrota para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), na eleição de 2022, Bolsonaro é investigado em inquéritos que apuram o caso das joias sauditas que teriam sido desviadas da Presidência da República, os atos golpistas de 8 de janeiro de 2023, a fraude no cartão de vacinação durante a pandemia, a interferência na Polícia Federal e o vazamento de dados sigilosos para atacar as urnas eletrônicas.
Como será o ato na Paulista
O ato da Avenida Paulista está marcado para as 15h deste domingo, com concentração na esquina com a Rua Peixoto Gomide. Dois trios elétricos — o Demolidor e o Katrina — ficarão posicionados em formato de “L”. Um deles terá, no máximo, 70 pessoas, incluindo Bolsonaro, Malafaia e políticos aliados, como o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos); o outro trio tem capacidade de abrigar até 100 pessoas.
A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro deve abrir o ato com uma oração. Em seguida, discursarão os deputados federais Gustavo Gayer (PL-GO) e Nikolas Ferreira (PL-MG), e os senadores Rogério Marinho (PL-RN) e Magno Malta (PL-ES). Se quiserem, os governadores Tarcísio de Freitas (SP), Ronaldo Caiado (GO) e Jorginho Mello (SC) serão liberados para discursar. Por fim, Malafaia e Bolsonaro encerram o ato.
Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), a capital paulista deve ter um céu encoberto o dia todo, com possibilidade de pancadas de chuva e trovoadas isoladas ao longo da tarde. A Polícia Militar (PM) destacou 2 mil oficiais para reforçar a segurança na Avenida Paulista. O esquema também contará com agentes infiltrados na multidão, uso de câmeras e drones.