Técnico do Timão analisa momento do clube, fala sobre a pressão no dia a dia e vê equipe com mais energia no empate sem gols com o líder Cruzeiro no Brasileirão
O técnico Dorival Júnior viu um Corinthians com mais energia nesta noite em relação à equipe que foi derrotada pelo São Paulo no último fim de semana, pelo Brasileirão.
Na entrevista coletiva após o empate sem gols diante do líder Cruzeiro, o comandante do Timão teve momentos de desabafo sobre a pressão que vive no clube e, repetindo entrevistas anteriores, voltou a citar a necessidade de reforços para a sequência da temporada:
– Tranquilidade não existe no futebol. Erra quem diz que existe tranquilidade no futebol, não tem. Eu sou muito sincero com vocês: vim para cá e acertei o meu contrato com o presidente, juntamente com o Fabinho. Pontuei naquele dia do acerto do meu contrato que eu precisava de quatro elementos.
– Não vou falar de posições, mas eu precisava de quatro elementos. Me foi assegurado que isso aconteceria. Fabinho está trabalhando que nem um louco e deu exemplo claro que será um dos grandes executivos do futebol brasileiro pela postura que teve nessas últimas duas semanas.

Dorival Júnior durante partida entre Corinthians e Cruzeiro — Foto: Marcos Ribolli
– A postura que teve, a maneira que conduziu o processo, eu dificilmente vi um executivo de futebol com a postura e com a presença que o Fabinho teve, abraçando todo o trabalho dentro do nosso centro de treinamento, mudando o perfil que foi gerado após o resultado contra o São Paulo.
Sobre o empate sem gols com o Cruzeiro na noite desta quarta-feira, o comandante do Corinthians alegou ter visto uma equipe com mais energia em campo em relação ao clássico do último sábado, contra o São Paulo. O treinador pontuou a força do adversário, líder do Brasileirão, para sair em defesa de seus jogadores.
– Hoje em dia no futebol brasileiro estamos tendo isso: equilíbrio. Na maioria das partidas as defesas prevalecem sobre os ataques, temos que ter essa consciência. Foi um jogo muito disputado, de ocupação de espaços, de entendimento de jogo, fato esse que nos levou a ter oportunidades importantes. Tivemos um início irregular, instável, mas a partir de um momento começamos encontrar um caminho. Jogamos contra a equipe que é líder da competição – iniciou Dorival.

Memphis Depay lamenta chance perdida com a camisa do Corinthians — Foto: Marcos Ribolli
– Não escondo de ninguém o que já falei anteriormente: temos algumas carências importantes quando nos faltam jogadores fundamentais para determinadas posições e funções. Não tenho dúvidas que iremos crescer e melhorar. A partida contra o São Paulo foi muito diferente daquilo que a equipe vinha apresentando na maioria dos jogos.
Contra o Cruzeiro, empurrado por sua torcida, o Corinthians teve sete finalizações – número abaixo da média até mesmo para a equipe, que é a segunda que menos chuta no Campeonato Brasileiro. Questionado sobre a baixa produção ofensiva, Dorival voltou a utilizar um argumento já dito em jogos anteriores.
– Acho que as dificuldades que estamos tendo são justamente aí, no sistema ofensivo. Eu não escondo de vocês que ainda não tive os três jogadores de ataque jogando juntos. Estou aqui há 90 dias e isso ainda não aconteceu. São jogadores que se complementam dentro das partidas. Para mim, é muito em razão disso aí – pontuou o treinador, fazendo referência ao trio GYM (Garro, Yuri Alberto e Memphis Depay).

Kaio Jorge disputa bola com jogadores do Corinthians — Foto: Marco Galvão/Cruzeiro
Com o empate desta noite, o Corinthians chegou aos 20 pontos no Campeonato Brasileiro após a disputa de 16 jogos. A equipe segue em posição intermediária na tabela de classificação, cada vez mais distante da zona de classificação para a Conmebol Libertadores do ano que vem.
Na sequência da temporada, o Timão mede forças com o Botafogo, no estádio Nilton Santos, pela 17ª rodada da Série A. A bola rola no sábado, a partir das 18h30 (de Brasília).
Confira outros trechos da entrevista coletiva de Dorival Júnior:
Sobre permanência no Corinthians
– Eu entendi tudo o que aconteceu com o clube, a saída de um presidente, a chegada de um outro presidente, que não havia ainda conversado comigo. Passei tudo aquilo que foi falado na minha conversa inicial com o Fabinho, não fico aqui expondo ninguém, fiz um comentário do que foi acertado, mas não busco interferir no trabalho de ninguém. Entendo o que o clube está passando, o que a torcida está sentindo, nós estamos nos entregando dentro do Corinthians, buscando fazer o melhor pelo nosso torcedor.
– Não pense que eu não gostaria de entregar outros resultados, mas eu tive vários desfalques ao longo de todo esse período, todo esse processo, jogadores que são importantes na minha concepção, além daqueles que não vieram, e nem por isso eu deixei de fazer o meu melhor lá dentro. Eu tenho a paciência e o entendimento, além de muito respeito com o torcedor do Corinthians. Minhas equipes sempre jogaram, criaram, fizeram gols e conquistaram grandes resultados.
– Pressão? Só é pressionado quem tem condições de dar retorno. Não é pressionado quem não tem potencial e qualidades para dar retorno. Por isso fico contente de ser pressionado, mesmo entendendo que talvez, se as pessoas conhecessem nosso dia a dia, o que está sendo feito dentro do clube, não tivessem essa mesma ideia e impressão. Vou seguir entregando o meu melhor dentro das minhas condições. Vão falar sempre, ganhando ou perdendo estaremos expostos.
– Estamos sempre vulneráveis em um cargo, só reconhecem resultados positivos. Não se avalia o trabalho, se avalia o resultado. Cada um faz o que quer na sua profissão, eu pouco me importo com isso, sigo a minha vida com tranquilidade, equilíbrio, tentando fazer o meu melhor pelo clube que me contratou. Não tenho dúvidas, se me deixarem fazê-lo, eu vou entregar coisas boas, sempre fiz isso em todos os clubes que passei
O Corinthians deve poupar jogadores no sábado, contra o Botafogo?
– Estamos fazendo rodada a rodada, jogo a jogo, estamos buscando a melhor condição possível para cada atleta. Espero os resultados (físicos) de amanhã e depois de amanhã para a definição completa da equipe. Teremos jogos fundamentais daqui para frente, todos eles importantes, nas duas competições, e não podemos abrir mão de nenhuma delas.
Sobre importância de Rodrigo Garro em campo
– É um jogador diferenciado, com potencial único, um dos grandes meias do futebol brasileiro nesse momento. É um jogador que tem capacidade de jogar de primeira, com aproximação, trocas de passes, em profundidade. É um jogador diferente. Ele em totais condições, plenamente recuperado… é o que vem acontecendo a cada momento, ele vem alcançando um degrau a mais a cada instante, voltando a ter a condição que vimos há pouco tempo atrás, antes de ele ter a lesão.

Dorival Júnior acompanha jogo entre Corinthians e Cruzeiro — Foto: Marcos Ribolli
Sobre Talles Magno titular e André Carrillo no banco de reservas
– Esse controle de carga é feito diariamente, a partir dos resultados é que tomamos as decisões para a partida seguinte. A opção pelo Talles foi por um jogador que vem treinando bem, buscando espaço, espero que ele recupere a melhor condição. Ele chegou muito bem, depois teve lesão. Tem qualidades e capacidade para voltar a atuar dentro daquela condição que ele apresentou.
– Já o Carrillo é um grande jogador, ele entra em todas as partidas. Eu tento usar o melhor do Carrillo no momento mais importante das partidas, foi assim no Ceará e hoje, a mesma tentativa em função das qualidades que ele possui. Não estou tirando o Carrillo por qualquer outra situação, mas era um jogo que exigia a presença de outra característica no nosso meio. Tínhamos que anular um dos melhores ataques da competição
Breno Bidon pode ser o armador da equipe na ausência do Garro?
– Quando eu quis me referir a meia, falei no seguinte sentido: temos um volante por característica, que é o Raniele. Os demais jogadores são de segunda função na minha concepção. Bidon é um desses, não especificamente um meia de organização ou de criação como o Garro. É um segundo volante. São jogadores que jogam com aproximação, que têm um bom passe, potencial de infiltração. Na minha cabeça, temos o Raniele que realmente é um volante funcional. A maioria dos outros, Carrillo, Martínez, Charles, são segundos homens.
Expectativa para o retorno de Yuri Alberto
– Estou nessa expectativa também, vou aguardando, espero que ele esteja o mais rápido possível em condições. É um jogador que faz muita falta, não só pelos gols, mas pela postura. É um jogador que ataca espaço. É um dos poucos no nosso elenco que tenha essa característica nata de buscar os corredores. Isso provoca uma movimentação na última linha adversária. Não temos muitos jogadores com esse perfil dentro do nosso grupo, precisamos desses atletas, até porque com o Yuri o nosso número de gols altera muito, é muito diferente. Assim como as grandes equipes têm também dois ou três jogadores que fazem a diferença porque possuem essas características. Na maioria dos jogos em que percebemos jogadores que tenham esse impacto eles acabam gerando e criando situações favoráveis às suas equipes.
Sobre o momento de Memphis Depay
– Isso aí é um assunto interno, que a gente trabalha internamente, já está resolvido, sanado, não tem necessidade de levarmos à frente. Em relação a energia, quando eu tirei três jogadores (no intervalo, contra o São Paulo) eu poderia ter tirado quaisquer outros três. Não foi uma grande noite da nossa equipe, aquilo prejudicou consideravelmente. No futebol hoje em dia não existe parte tática, não existe modelo de jogo se não tiver energia para desempenhar funções.
– Funções respeitadas com muita energia te proporcionam uma possibilidade maior de resultado. Não tendo as funções cumpridas, você acaba ficando exposto ao seu adversário. O que vimos hoje? Uma equipe querendo, buscando, não se entregando em momento algum. O resgate da energia que eu falo é isso, tê-los em condições de eles poderem fazer o melhor.
– Volto a dizer: não foram os três jogadores que saíram, nós tivemos praticamente oito ou nove jogadores nessa condição. E não tivemos como nos recuperar dentro da partida, coisa que não havia acontecido até então. A partida contra o São Paulo foi marcante nesse sentido. Tivemos uma semana complicada porque deixamos de executar algumas coisas que vínhamos fazendo com naturalidade.