Na noite deste domingo, 18 de fevereiro, o programa Fantástico, da Rede Globo, apresentou uma investigação detalhada sobre um suposto esquema de superfaturamento e irregularidades na área ortopédica envolvendo a Secretaria de Saúde do Estado do Acre (Sesacre) e a empresa Medtrauma. A reportagem expõe denúncias graves, revelando documentos da Controladoria-Geral da União que apontam para superfaturamentos e cirurgias desnecessárias, além de pacientes que não receberam informações adequadas sobre as próteses implantadas.
O foco da investigação recai sobre a Medtrauma, empresa responsável pela administração da ala ortopédica em hospitais públicos nos estados do Mato Grosso, Roraima e Acre. A reportagem destaca o período de 2021 a 2022, durante a gestão do atual governador Gladson Cameli, e menciona a então secretária de Saúde, a médica Paula Mariano.
Um dos casos expostos pela reportagem é o do caminhoneiro Eduardo Goivinho, de 51 anos, que, após determinação judicial para receber uma prótese específica durante uma cirurgia no quadril, descobriu que a prótese implantada não correspondia ao solicitado. Documentos revelados mostram que a empresa responsável pela prótese não fornecia informações essenciais, como marca, modelo, validade ou registro na Anvisa, levantando questionamentos sobre a qualidade e a legalidade do material utilizado.
Além disso, a Medtrauma, que possui contratos com prefeituras e governos estaduais, incluindo o do Acre, foi acusada de realizar cobranças irregulares e superfaturadas, utilizando uma Ata de Registro de Preços como base para seus contratos, contornando processos de licitação.
A investigação da CGU apontou prejuízos significativos aos cofres públicos do Acre, totalizando cerca de R$ 9,1 milhões entre 2021 e 2022. Irregularidades como superfaturamento na aquisição de materiais, falhas no planejamento de contratação de serviços e terceirização sem comprovação de vantagens foram identificadas.
A defesa da Medtrauma defendeu a legalidade de seus contratos e afirmou que a empresa está à disposição para prestar esclarecimentos. Já a Sesacre argumentou que a licitação seguiu a legislação vigente e que, após as denúncias da CGU, intensificou a fiscalização, não encontrando irregularidades.
O caso revelado pelo Fantástico destaca a importância da transparência e da fiscalização rigorosa na gestão dos recursos públicos, especialmente na área da saúde, onde a qualidade dos serviços prestados pode impactar diretamente a vida e a saúde dos cidadãos. A investigação continua em andamento, e novos desdobramentos são aguardados nos próximos dias.