Ignorados na lista de exceções, exportadores do café brasileiro dizem ainda acreditar em acordo


Brasil é o maior fornecedor para os EUA de café e de carne para indústria
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A lista de exceções trazida pela Casa Branca ao confirmar o tarifaço de 50% sobre produtos brasileiros comprados pelos EUA ignora o café e a carne bovina, dois dos principais produtos que o país de Donald Trump importa.
Os EUA compram de fora 99% do café que consomem e o Brasil é o principal fornecedor, respondendo por cerca de 30% do mercado norte-americano.
O Brasil também é o principal fornecedor de carne bovina para indústrias nos EUA, que a transformam em hambúrguer, por exemplo. O país norte-americano até compra mais carne da Austrália, mas aí são aqueles cortes que vão direto para os mercados.
O suco de laranja, outro alimento de peso nas importações dos EUA, escapou de imposição dos 50%, mantendo a sobretaxa de 10% anunciada por Trump em abril, explica Leonardo Munhoz, pesquisador da FGV Bioeconomia.
Na véspera da confirmação do tarifaço, o secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, afirmou que alguns produtos não cultivados no país, como o café, poderiam ter a tarifa zerada. Ele citou ainda a manga, o abacaxi e o cacau, que também não entraram na lista de exceções.
EUA dependem do café brasileiro
O Brasil é o maior fornecedor de café não torrado para os EUA, seguido por Colômbia, Vietnã e Honduras, segundo o Departamento de Agricultura dos EUA, o USDA.
Café bom do Brasil vai todo para fora?
O Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) disse que seguirá em tratativas com seus pares dos EUA, como a National Coffee Association (NCA), com o intuito de que o produto passe a integrar a lista de exceções do governo americano.
Antes da confirmação da sobretaxa de 50%, o setor já esperava que as vendas para os EUA continuassem no mesmo patamar mesmo com a imposição de Trump.
“Nesse momento, o importador ainda tem em estoque o café que não foi taxado, então ele pode praticar um preço médio para o consumidor norte-americano”, disse Celírio Inácio, diretor executivo da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic).
A indústria acreditava que exportadores do Brasil e importadores dos EUA conseguiriam chegar a um acordo para que o comércio não seja interrompido agora.
Isso porque abandonar o café brasileiro não seria uma saída para os EUA. Tanto o Brasil quanto a Colômbia produzem principalmente o café do tipo arábica, mais suave, que é o preferido pelo consumidor americano. Mas a produção colombiana não se compara à brasileira em volume.
E ela deve ser ainda menor na safra em 2025/26, em relação à anterior, por causa do excesso de chuvas, segundo projeção do USDA.
Uma saída para o mercado americano seria priorizar o café do tipo robusta. Mas isso exigiria mudar o gosto do consumidor, já que este é um café mais encorpado.
Por outro lado, o Vietnã é o líder mundial na produção desse tipo de café (o Brasil é o segundo colocado). E a sobretaxa de Trump sobre importações de produtos país asiático é menor que a do Brasil: caiu de 46%, como anunciado em abril, para 20%, em acordo fechado agora em julho.
Carne está cara nos EUA
As vendas de carne bovina do Brasil para os EUA chegaram a bater o recorde histórico no começo do ano, antes de Trump anunciar o tarifaço de 10% em abril (e agora subirá para 50%).
Os EUA estão importando mais carne porque faltam bois para o abate.
A inflação do alimento no mercado americano está batendo recorde por causa de uma redução histórica do rebanho do país, que encareceu o preço do boi por lá – em maio, ele estava custando duas vezes mais que o boi brasileiro.
Tarifaço vai impactar venda de carne aos EUA, mas não é só o Brasil que perde; entenda
Raio X da exportação
arte g1

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