O mandarová (Erinnys ello) é uma das pragas mais devastadoras para o cultivo de mandioca, podendo gerar prejuízos de quase R$ 14 mil por hectare afetado. Para enfrentar esse desafio, um curso de prevenção e combate à praga foi promovido, reunindo técnicos e estudantes. O evento contou com a participação do pesquisador Murilo Fazolin, da Embrapa, que destacou os riscos da evolução da resistência do inseto aos produtos químicos utilizados no seu controle.
Os ataques do mandarová eram mais frequentes no Vale do Juruá em 2023, mas se espalharam para a região do Baixo Acre no ano seguinte. “Se o ataque alcançar 100% da área cultivada no Vale do Juruá, o impacto econômico pode chegar a R$ 121 milhões. Para o estado todo, esse valor sobe para R$ 211 milhões, resultando em um prejuízo total estimado em R$ 13,7 mil por hectare”, explicou o pesquisador Márcio Bayma.
O curso focou no controle biológico do inseto, abordando o manejo adequado do mandarová e apresentando uma visão abrangente do sistema de produção. Entre as recomendações, destacaram-se a importância de evitar o cultivo de plantas hospedeiras como abiu, mamona e mamão, em consórcios ou áreas próximas, e a manutenção de roçados perto de áreas florestais para diversificar a flora não atrativa ao mandarová. “Essas medidas são cruciais para reduzir a infestação”, afirmou Rodrigo Souza Santos, pesquisador e instrutor do curso.
Apesar do alerta, os pesquisadores apontam alternativas viáveis para lidar com a praga. Uma dessas é o uso do Baculovirus, um produto biológico de baixo custo, sem impacto ambiental, que pode ser produzido pelo próprio produtor rural. O Baculovirus erinnys, produzido por lagartas infectadas, tem sido testado em nove hectares de plantio nos municípios de Cruzeiro do Sul, Mâncio Lima e Rodrigues Alves, alcançando um índice de 95% de mortalidade entre as lagartas.
O curso foi realizado pela Embrapa em parceria com o Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal (Idaf) e o Governo do Estado, com apoio do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural. Esta iniciativa visa equipar os produtores com conhecimento e técnicas eficazes para proteger suas lavouras e garantir a sustentabilidade econômica do cultivo de mandioca no Acre.
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