Maior especialista em cidadania fala que é injusto e uma vergonha para o país elevar exigências para imigrantes de língua portuguesa. Sessão é hoje no Parlamento
Os brasileiros são a maior comunidade estrangeira, com números que rondam os 600 mil. E os estrangeiros que mais tiram cidadania por tempo de residência, que ficará mais restrita para quem mora ou quer morar em Portugal.
Um brasileiro com quatro anos de residência legal teria que cumprir mais um ano para pedir a cidadania de acordo com a regra atual. Terá que esperar mais três se o projeto, que conta com apoio ultradireita, for aprovado como está.
Maior especialista em cidadania do país, a jurista portuguesa Isabel Comte tem duas décadas de experiência na análise dos pedidos no Ministério da Justiça. Agora, trabalha no escritório de advocacia Martins Castro, autor de uma petição para tentar frear a mudança, que ela considera injusta.
— O aumento do tempo de residência é a medida mais injusta porque penaliza quem já mora em Portugal de maneira regular, como o governo quer, e terá que refazer a contagem dos anos para pedir a cidadania — disse Comte ao Portugal Giro, continuando com as críticas ao governo:
— Portugal fica muito mal na foto, porque são milhares afetados de maneira injusta. Para fechar portas, aumentam prazos e punem quem está direito. Fazer isto a pessoas de língua portuguesa, e todos temos amigos brasileiros, angolanos, pessoas integradas, é uma vergonha.
Os emigrantes do Brasil lideram os pedidos de visto para procura de trabalho, que será limitado a profissionais considerados qualificados segundo a proposta do governo votada hoje.
Os brasileiros também apelaram ao presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, que interfira pelo reagrupamento familiar, que será restrito a quem vive dois anos no país. Ou seja: 24 meses longe dos familiares, de acordo com o que propõe o governo.