A equipe do Amazônia Agora acompanhou de perto, na manhã desta terça-feira (1º), um protesto realizado por produtores rurais em frente à Assembleia Legislativa do Estado do Acre (Aleac), em Rio Branco. O ato foi organizado por associações da zona rural, com forte presença de representantes da região da Transacreana, que denunciaram ações abusivas de órgãos ambientais, como o Ibama e o ICMBio.
O presidente da Associação dos Produtores Rurais da Transacreana, José Augusto, relatou o sentimento de abandono por parte das autoridades e a perseguição sofrida pelos agricultores por parte dos órgãos de fiscalização ambiental.
Segundo ele, uma audiência pública havia sido marcada para discutir a situação dos produtores, mas não ocorreu por falta de presença de autoridades federais.
“Hoje tínhamos uma audiência pública aqui na Assembleia Legislativa, que tinha sido marcada na outra vinda nossa, pelo presidente, mas hoje não foi possível. Não conseguiram mobilizar deputados federais, senadores, Ministério Público Federal, Ibama, ICMBio para que pudessem estar com a gente aqui nessa conversa. E a coisa é séria”, alertou.
O líder rural afirmou que diversos produtores vêm sofrendo embargos, multas e apreensões de bens.
“Muitos embargos, muitas notificações, produtores rurais perdendo seus bens, e nós não podemos aceitar isso. Nós somos os homens e as mulheres que cuidam do campo, que colocam o pão na mesa das pessoas. E nós estamos sendo perseguidos pelos órgãos públicos ambientais”, declarou.José Augusto também destacou a importância da produção rural para a economia do Acre:
“Nós somos responsáveis por 28% do que se produz nesse estado de PIB. Só de Prodes, tem mais de 24 mil no estado. Se a propriedade não pode tirar crédito, não pode vender, não pode comprar, o produtor rural está falido”, pontuou.
Sobre as formas de notificação, ele denunciou que as autuações estão sendo feitas com base em imagens de satélite, sem verificação em campo.
“Estão notificando os produtores rurais da Amazônia, do Acre, lá de Brasília. Eles estão usando um sistema via satélite, identificam uma área aberta, não sabem se tem CAR, se não tem, e já vão notificando de lá”, afirmou.O presidente da associação defendeu que as notificações sejam feitas presencialmente e com ciência do produtor.
“Queremos ter essa humildade do órgão ambiental de visitar o produtor rural, ver como ele vive lá, não fazer isso de Brasília, por satélite e por decreto. Que seja nominal e que o produtor rural possa assinar sua notificação e ter conhecimento daquilo que está ali assinando”, ressaltou.Ao final, José Augusto reforçou o apelo por diálogo:
“Queremos fazer um grande acordo com o Ministério Público, com os órgãos ambientais, com o Governo do Estado presente, porque precisamos do Governo nesse momento. Para a gente poder voltar a ter paz no campo, produzir, e poder comercializar os nossos produtos”, finalizou.