Saúde: Estudo revela ligação forte entre hábito comum e câncer de pâncreas

Pesquisa nos EUA indica que o álcool pode causar inflamação e lesões no pâncreas, aumentando o risco de câncer. No Brasil, INCA estima 5.690 novos casos em 2023 e mais de 3,8 mil mortes entre abril de 2023 e abril de 2024

Beber álcool regularmente pode aumentar de forma significativa o risco de câncer de pâncreas, um dos tipos mais letais da doença, alerta um novo estudo que pode ajudar a explicar o motivo.

A pesquisa, conduzida por cientistas em Miami, nos Estados Unidos, mostrou que o consumo elevado de álcool danifica as células do pâncreas responsáveis pela produção de enzimas digestivas. Esse dano provoca inflamação no órgão, que desempenha papel fundamental na digestão e no controle dos níveis de açúcar no sangue.

Com o tempo, essa inflamação pode gerar lesões pré-cancerosas que, associadas a uma mutação no gene Ras — responsável pelo controle do crescimento celular —, podem evoluir para o câncer pancreático. Nos experimentos, os pesquisadores observaram que a combinação de álcool e uma molécula pró-inflamatória provocou sintomas semelhantes aos da pancreatite induzida pelo álcool, desencadeando lesões e, posteriormente, o próprio câncer.

O estudo também revelou que a desativação do gene CREB, que atua como um “controlador mestre” reprogramando células saudáveis em células anormais, impediu a formação de lesões pré-cancerosas e cancerosas. O coautor do estudo, Nipun Merchant, cirurgião em Miami, revelou que acredita que essas descobertas “abrem caminhos” para a prevenção futura do câncer pancreático

O câncer de pâncreas está entre os mais agressivos, com baixas taxas de sobrevivência. Nos Estados Unidos, dependendo do estágio da doença, a taxa de sobrevida em cinco anos pode variar de 3% a 44%. Detectá-lo precocemente é essencial, mas os sintomas costumam ser sutis e fáceis de ignorar, como perda de peso, fadiga, dor abdominal, alterações intestinais e icterícia (pele e olhos amarelados).

O consumo excessivo de álcool é geralmente definido como oito ou mais doses por semana para mulheres e 15 ou mais para homens. Pessoas com esse padrão de consumo e mutações genéticas específicas podem estar em risco significativamente maior.

Números no Brasil

Segundo um levantamento do Instituto Nacional de Câncer (INCA), em 2023 foram estimados cerca de 5.690 novos casos de câncer de pâncreas no Brasil, correspondentes a 2,3% dos diagnósticos de câncer no país. Entre abril de 2023 e abril de 2024, foram registradas 19.291 internações e 3.834 óbitos por neoplasia maligna de pâncreas. A região Sudeste concentrou o maior número absoluto de casos, enquanto a região Norte apresentou a maior taxa de mortalidade, de 25,97 por 100 mil habitantes.

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