Vereadores de Rio Branco propõem fiscalização noturna na garagem da Ricco após denúncias de precariedade no transporte coletivo

A Câmara Municipal de Rio Branco voltou a debater nesta quarta-feira (9) a situação do transporte coletivo na capital acreana, após denúncias de precariedade no serviço e supostas perseguições a funcionários da empresa Ricco Transportes. Durante a sessão, vereadores sugeriram uma fiscalização coletiva na garagem da empresa, marcada para a próxima sexta-feira (11), às 23h30, com o objetivo de verificar as condições reais dos veículos que atendem à população.

O debate foi intensificado após o ex-presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Transportes e Cargas no Acre (SINTTPAC), Francisco Leite Marinho, afirmar que o transporte coletivo da cidade nunca esteve em situação tão crítica. “Trabalho desde 1986 em coletivo, hoje se tiver 70 ônibus rodando é muito. Os carros que vêm hoje têm 10, 12 anos de uso. Chegaram nesta semana nove ônibus que estavam encostados em Manaus”, denunciou Marinho, que também é ex-funcionário da Ricco.

Indignado com o relato, o vereador Leôncio Castro (PSDB) cobrou uma resposta enérgica dos colegas de parlamento e sugeriu a vistoria noturna na garagem da empresa. “Ônibus que não têm condição de circular, ônibus que chove dentro, frota sucateada, circulando em nome de outra empresa… Já está provado que a Ricco não tem respeito nenhum pela sociedade”, declarou.

A proposta ganhou apoio imediato e tomou contornos de ironia entre os parlamentares. “Tem que levar Durepóx lá pra tapar os buracos”, disparou o prefeito em exercício, Márcio Mustafá (PSDB). O comentário foi reforçado por Leôncio Castro: “Acredito que com a quantidade de buracos, só Durepóx não dá conta não. Tem que ser manta térmica, telha, daí pra lá”. O vereador André Kamai também entrou na onda e se comprometeu: “Se precisar de Durepóx eu vou comprar”.

Apesar do tom bem-humorado, a situação é séria e reflete a insatisfação crescente da população com o transporte coletivo em Rio Branco, alvo de constantes críticas por atrasos, frota reduzida e condições precárias dos veículos.

O líder do prefeito na Câmara, vereador Rutênio Sá (PSD), reconheceu as dificuldades enfrentadas pela cidade na área do transporte, mas explicou que parte do problema decorre de entraves burocráticos. “Havia uma falta de entendimento entre a Superintendência de Transporte e Trânsito (RBTrans) e a Comissão de Licitação. O prefeito tem cobrado bastante uma solução. Me comprometo a intermediar esse diálogo técnico com a Câmara para destravar esse processo”, afirmou.

A vistoria noturna proposta promete ser um marco simbólico na pressão por melhorias no transporte público da capital. Resta saber se a ação surtirá efeito prático ou será apenas mais um episódio de cobrança sem resultados concretos.

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