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35 ANOS SEM CHICO MENDES: após seu assassinato, a luta ambientalista e agrária persiste

Redação do Site Amazônia Agora

No dia 22 de dezembro de 2023, completam-se trinta e cinco anos do assassinato do líder sindical Chico Mendes, um dos maiores defensores do meio ambiente e dos direitos dos seringueiros na Amazônia. Na noite daquele trágico dia, Chico Mendes foi brutalmente alvejado por um disparo de escopeta ao sair para o banheiro, após uma partida de dominó com policiais que faziam sua segurança.

Chico Mendes, nascido em 15 de dezembro de 1944, no seringal Porto Rico em Xapuri, teve uma infância marcada pelo trabalho como seringueiro ao lado de seu pai. Sua jornada educacional iniciou-se tardiamente, aos 19 anos, quando foi alfabetizado pelo militante comunista Euclides Távora, que também o introduziu ao ativismo ambiental.

O legado de Chico Mendes transcendeu suas palavras e ações. Sua incansável defesa da floresta em pé e dos povos tradicionais culminou na criação da Reserva Extrativista Chico Mendes, abrangendo territórios em sete municípios acreanos. A proposta da reserva era promover a exploração sustentável da floresta, mantendo-a como fonte de vida para as comunidades locais.

No entanto, ao longo desses 35 anos, observamos uma crescente contradição entre o discurso ambiental e a realidade. A devastação da Amazônia persiste, e a pressão sobre os seringueiros para abandonar seus modos de vida tradicionais aumentou. O avanço do desmatamento na Reserva Extrativista Chico Mendes revela uma triste realidade, onde até mesmo os moradores passaram a aderir à criação de gado, contribuindo para a degradação ambiental.

O tema da Semana Chico Mendes deste ano, “O empate de retomada”, destaca a necessidade de resgatar os princípios pelos quais as reservas foram criadas. O “empate”, estratégia pacífica desenvolvida pelos seringueiros entre 1970 e 1990 para impedir o desmatamento, representa uma lembrança das táticas eficazes que promoviam a preservação ambiental.

O panorama político também é mencionado, com críticas a lideranças que, apesar de se apresentarem como defensores do meio ambiente, falharam em concretizar suas promessas. O aumento do desmatamento durante os mandatos dos irmãos Viana no Acre e a falta de comprometimento de certos partidos com questões ambientais são destacados pelo colunista Leonencio Nossa.

Chico Mendes acreditava que o desenvolvimento do Brasil não precisava ocorrer à custa do desmatamento. Sua visão de que a floresta em pé era sinônimo de desenvolvimento sustentável colide com a atual ofensiva do parlamento brasileiro, que busca modificar legislações ambientais construídas ao longo de décadas, incluindo a tentativa de desafetar parte da Reserva Extrativista Chico Mendes.

Trinta e cinco anos após a morte de Chico Mendes, sua mensagem ecoa como um chamado para a ação em defesa da Amazônia, do meio ambiente e dos direitos das comunidades tradicionais. A Semana Chico Mendes deste ano busca não apenas homenagear o legado do líder ambientalista, mas também inspirar uma retomada urgente dos princípios fundamentais que ele defendia com tanto fervor.

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