A laqueadura tubária, ou ligadura de trompas, é uma cirurgia de contracepção definitiva realizada por diversos motivos: quem não deseja engravidar, ter mais filhos ou em casos de risco de saúde da pessoa gestante. Mas para realizar o procedimento é preciso entender como ele funciona e o que diz a legislação.
Tatiane Boute, ginecologista e obstetra do Fleury Medicina e Saúde, explica que a cirurgia consiste em cortar as tubas uterinas, ou seja, as estruturas que conectam os ovários ao útero: “Como o óvulo não passa pelas tubas, ele não é fertilizado pelo espermatozoide.”
Ao contrário da vasectomia, que leva cerca de 15 a 20 minutos para ser finalizada, a laqueadura demora de 40 minutos a uma hora e, geralmente, não requer internação.
Ela conta que existem três técnicas para realizar a laqueadura, “sendo a mais comum o corte de um pedaço central da tuba e, depois, amarrar cada uma das pontas”. A escolha, segundo a médica, depende da preferência da paciente, do histórico médico, da experiência do cirurgião e dos recursos disponíveis na unidade.
A via de acesso pode ser realizada por:
- Laparoscopia (videocirurgia);
- Laparotomia (cirurgia aberta, geralmente a mesma incisão da cesárea);
- Via vaginal (feita através de uma abertura no fundo da região íntima).
Os cuidados pós-operatório vão variar de acordo com o método utilizado: “A recuperação após videocirurgia ou via vaginal é mais rápida do que a cirurgia aberta”.
No geral, são necessários de 7 a 14 dias de repouso e o uso de analgésicos para dor, mas não é preciso usar anticoncepcionais após a cirurgia. Além disso, é recomendado evitar relações sexuais e atividades físicas nesse período de recuperação.
Quanto aos riscos, a médica afirma que “são os mesmos de qualquer outra cirurgia”: infecção, hemorragia e lesão de outros órgãos, como a bexiga.
“Além disso, há chance de um processo de recanalização, com reversão espontânea da cirurgia. Isso leva à gravidez em 0,5 a 1 a cada 100 mulheres por ano”, destaca a ginecologista.
É possível fazer um procedimento de reversão da laqueadura?
Sim! A médica comenta que o ideal é considerá-lo como um “método definitivo para não engravidar”, já que o procedimento de reversão envolve alguns riscos: “O procedimento consiste em reconectar a tuba, mas a taxa de sucesso é bem baixa. Além disso, caso ela engravide, há maior chance de gravidez ectópica, ou seja, quando a gravidez se desenvolve fora do útero.”

Médica explica que é possível reverter a laqueadura, mas procedimento oferece riscos à saúde — Foto: Pexels
O que diz a legislação sobre a laqueadura?
A cirurgia é citada no Lei do Planejamento Familiar, criada em 1996, e sofreu muitas alterações desde então. A mais recente mudança, aprovada neste ano, se refere à idade mínima para realizar o procedimento, conforme explica a publicação da Agência Senado.
“A lei diminui de 25 para 21 anos a idade mínima, em homens e mulheres, de capacidade civil plena, para submeter-se a procedimento voluntário de esterilização. Esse limite de idade, no entanto, não é exigido de quem já tenha ao menos dois filhos vivos. Além disso, foi revogado um dos dispositivos da Lei 9.263, por isso não será exigido o consentimento expresso de ambos os cônjuges para que ocorra a esterilização.”
Para quem deseja fazer o procedimento pelo Sistema Único de Saúde (SUS), a abertura da via vaginal é o método mais usado. Nesse caso, o site oficial do Ministério da Saúde informa que os pré-requisitos são ter, no mínimo, dois filhos vivos e partir de 21 anos: “Interessados em fazer laqueadura ou vasectomia pelo SUS devem procurar a Unidade Básica de Saúde mais próxima de sua residência e expressar a vontade de utilizar o método.”
Além da laqueadura, o governo também oferece outros métodos contraceptivos que não são definitivos, como o DIU, anticoncepcionais via oral ou injetáveis, preservativos e pílulas do dia seguinte.
Fonte: gshow