Ter ou não ter relações sexuais durante o período menstrual? Eis a questão! Tem quem goste, quem não goste e quem ainda trata o assunto como um grande tabu.
A verdade é que a prática traz vários benefícios para a saúde e não existe contraindicação, mas requer, sim, alguns cuidados para evitar doenças. Quem explica tudo é Carolina Fernandes Giacometti, ginecologista do Hospital Albert Einstein.
“A decisão de praticar sexo nesse período deve ser baseada na comunicação dos envolvidos e no quanto eles se sentem confortáveis com a prática. Além disso, vale lembrar que relação sexual vai muito além da penetração”, destaca a médica.
Benefícios X riscos
É neste período do mês que o clitóris fica mais sensível, a libido aumenta e deixa as pessoas “subindo pelas paredes do quarto”, como canta Luísa Sonza em “A Dona Aranha”. Além disso, durante o ciclo, o corpo libera mais hormônios (como testosterona, oxitocina e estrogênio) e aumenta a lubrificação da vagina.
Com todos esses pontos vantajosos, a relação sexual tende a ser mais prazerosa… E o mesmo vale para a masturbação: “Lembrando que esses benefícios podem ser muito individuais e variar de pessoa para pessoa”, afirma Giacometti.
Entre os benefícios do sexo menstrual estão:
- Cólicas menos frequentes ;
- Alívio dos sintomas da TPM, já que há uma liberação de endorfinas na relação sexual e no orgasmo;
- Maior sensibilidade durante a prática, devido ao aumento do fluxo sanguíneo na área genital nesse período;
Por outro lado, a ginecologista informa que também existem algumas desvantagens envolvendo a relação durante o ciclo. É preciso lembrar que muitas pessoas relatam oscilação de humor, inchaço, desconforto abdominal e indisposição, tornando um sofá com filminho e pipoca uma programação muito mais atraente, né?

Ginecologista explica por que o sexo durante a menstruação tende a ser mais prazeroso — Foto: Freepik
Além destes sintomas, a médica lista os riscos ao transar durante a menstruação:
- Risco de infecções: “Assim como pode acontecer em uma relação sexual fora do período menstrual. Por isso é muito importante o uso de preservativo para evitar ISTs (infecções sexualmente transmissíveis) ou uma gravidez indesejada.”
- O sangue menstrual pode aumentar riscos associados ao contato com fluido: “Por isso, durante a atividade sexual, o uso de preservativo é muito importante.”
- E, falando em camisinha, a médica reforça outro lembrete sobre a importância do seu uso em qualquer relação sexual: “Gosto de alertar que a menstruação não é uma garantia absoluta de que não é possível engravidar nesse período, já que o ciclo menstrual pode variar para cada um. Assim, por exemplo, em um ciclo mais curto, a ovulação pode ocorrer de forma precoce e coincidir com alguns dias da menstruação. Sem dúvidas é um evento raro, mas não impossível de acontecer.”
- Desconforto: nesse caso, a especialista recomenda evitar a prática, já que pode acentuar as dores e cólicas.
‘Senti cólicas após o sexo, e agora?’
Algumas pessoas relatam sentir fortes cólicas após a relação, e tem uma explicação para este fenômeno: acontece que o útero tende a contrair após o orgasmo e, consequentemente, causar estas dores. Segundo Giacometti, estas contrações são normais, costumam ser leves e melhoram rapidamente com o uso de analgésicos.
“Porém, se as cólicas forem de forte intensidade, persistentes ou não melhorarem com uso de analgésicos, vale a pena uma consulta com seu ginecologista para uma investigação, porque uma das causas de cólicas intensas no período menstrual é a endometriose [quando o tecido fora do revestimento uterino cresce ao invés de ser expelido na menstruação].

Especialista explica possíveis causas da cólica após a relação sexual na menstrução — Foto: Freepik
Cuidados necessários
De maneira geral, a médica afirma que os cuidados são os mesmos de uma relação fora do ciclo menstrual:
“Ter comunicação aberta com a parceria, o uso de preservativo para evitar ISTs e uma gestação indesejada, manter a higiene íntima antes e após a relação, estar com as vacinas em dia – em especial a vacina contra o vírus do HPV –, ter sempre um acompanhamento médico periódico e testagem de ISTs e, claro, muito respeito mútuo.”
Quanto ao sexo oral, a ginecologista diz que também não há contraindicação, mas é essencial que o casal se sinta confortável durante o ato: “Mas vale sempre lembrar que sexo oral também pode transmitir ISTs, então o uso do preservativo é fundamental.”
Por último, ela deixa uma sugestão para quem tem vontade de experimentar o sexo menstrual, mas ainda não está totalmente confortável com a ideia:
“Como a menstruação envolve sangue, uma forma de melhorar essa questão é usar discos menstruais (semelhantes aos coletores), que permitem a penetração e não causam desconfortos durante a relação.”