Conhecida como a “Sucuri do buraco”, uma serpente gigante habita uma formação rochosa milenar chamada Buraco das Araras, localizada em Jardim, Mato Grosso do Sul. A cavidade onde a cobra vive é fruto da decomposição natural das rochas ao longo do tempo e é também lar de centenas de araras-vermelhas.
A origem da sucuri naquele local ainda é um mistério. Guias do parque acreditam que ela possa ter sido arrastada para dentro da dolina por uma forte enxurrada, ficando presa em uma cratera de 100 metros de profundidade e 500 metros de circunferência.
O primeiro avistamento registrado da sucuri foi em 2017, quando um turista percebeu algo se mexendo e usou um binóculo para confirmar que se tratava da cobra. “Foi a primeira vez que a vimos claramente, foi incrível, mas começamos a pensar como ela chegou lá? Ela vive em completo isolamento do resto do mundo, o mundo dela é o buraco”, explicou Josenildo Vasquez, turismólogo responsável pela área.
A cobra, que vive isolada no fundo da dolina, foi vista apenas algumas vezes desde então — aproximadamente 5 ou 6 — e o momento é sempre considerado de muita sorte. Normalmente, ela permanece no fundo, entre a vegetação, mas em uma ocasião foi avistada subindo até uma parte do paredão que é acessível para ela.
A doutora em Ecologia e especialista em répteis Juliana de Souza Terra comenta que o isolamento da sucuri não é incomum. “Sucuris têm hábitos solitários. Não é incomum encontrarmos mais de uma no mesmo ambiente, mas elas não interagem entre si. Apenas durante a época reprodutiva há encontros, chamados de bolo de reprodução, quando a fêmea libera feromônios para atrair os machos. Fora essa fase, vivem solitárias”, esclarece.
A “Sucuri do buraco” segue sendo um dos mistérios e encantos da natureza que o Buraco das Araras guarda, um verdadeiro santuário natural em meio ao cerrado sul-mato-grossense.